quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

Cóboiadas

Tava aqui sem fazer puto, a controlar o trabalho que dei para fazer às gajas cá da repartição, e já tava farto de coçar a genitália. De maneiras que pusme a percorrer coisas, em busca de conhecimentos perfeitamente inúteis, como faço muitas vezes para poder depois arrotar postas de pescada na leitaria.
Vai daí topei com a descrição do cerco dos turcos otomanos (os gajos que eram antepassados da massa associativa do Galatasaray) à cidade croato-húngara de Szigetvár (esta gente tem cada nome prás terras que um gajo até se passa). Tudo isto era em 1566, antes do 25 de Abril, portanto, e quem comandava o pessoal lá da Turquia era o Solimão, o Magnífico, que parece que foi o maior sultão lá daquela treta.
Os gajos da cidade eram uns 2 mil contra dez vezes mais turcos. Mas, prontos, eram danadinhos prá porrada e aguentaram firme no meio-campo até não poderem mais e terem que recuar para a pequena área, quer-se dizer, um último reduto no interior da cidade, já muito desfalcados e atormentados pelas lesões. Vai daí, já quase no fim do prolongamento, o Solimão ofereceu ao chefe dos gajos, o "ban" Nikola Zrinski, o governo de toda a Croácia se ele se rendesse. Mas o gajo disse que não e vai daí os turcos bombardearam aquilo à fartazana até que metade já tava a arder.
Então o Nikola não tá de modas: vestiu as melhores roupas que tinha e prendeu à cinta uma bolsa com ouro e jóias, para que o méne que encontrasse o seu corpo não pensasse que era de um manguelas qualquer. Depois reuniu os seus cavaleiros para uma última carga, e disse-lhes: "Saiamos deste lugar ardente para o espaço aberto, e enfrentemos os nossos inimigos. Os que morrerem, Deus ficará com eles. Os que não morrerem, que o seu nome seja honrado. Eu irei à frente, e o que eu fizer vós fareis. Deus é minha testemunha de que nunca vos abandonarei, meus irmãos e cavaleiros." Eram só 400 contra 20 mil, e lerparam todos. Dos defensores de Szigetvár, só ficaram sete vivos, para contar a história.
Ora bem: histórias destas há aos molhinhos em todo o lado e em todos os tempos. E eu sei que a córage, a verdadeira córage, é aquela pequenina córage de todos os dias: é sofrer em silêncio, é tratar dos putos quando se está fodido dos cornos ao fim do dia, é parar na passadeira para deixar passar um coirão qualquer, é ser firme perante a dúvida, e forte no meio da multidão, e fiel quando ninguém tá a ver. Eu sei isso tudo e não faltará quem o lembre, como quando vêm com aquela coisa de que "o que interessa é a beleza interior," e o caraças - conversa de enconadinho pra justificar que só saca estafermos.
Eu sei isso tudo, mas, prontos, gramo bué destas histórias e emociono-me com elas, quéque querem? Este gajo podia ter feito o arranjinho lá com o turco. Ficava xuxugadito no palácio, dava-lhe o guito dos tributos todos os meses, em troca ficava a chefiar a paróquia, a receber 13º mês, Natal e Caixa (quando tal o Solimão até le pagava o passe), a comer as escravas, e morria desonrado, mas velho. Mas não. Como dizem os cámones: live fast, die young, leave a nice corpse.
Se calhar isto é coisa de gajo, gramar de ler e ouvir estas coisas assim de honra e glória e o camandro. Mas quem não se arrepiar um bocadinho que atire a primera pedra. Não me venham com essas friezas e cepticismos da ordem. Vão-se foder, que vocês também choram nos filmes com merdas que não interessam nem à minhoca da couve.

2 comentários:

bronco disse...

ó Tóni esse Nicolau não fazia a barba ca gilete lá da dama dele, pois não?

Toni25cm disse...

Acho que fazia mas era a rebarba.